sexta-feira, 25 de julho de 2008

BRINCANDO DE EMPATAR O TERROR

Nesses dias passados, os Estados Unidos reabilitou a quarta frota para patrulhar a América Latina. Também tiveram estranhas e amáveis reuniões com sua principal ameaça: a Coréia do Norte.
No ínterim, Israel fez um ensaio geral de bombardeio aéreo no Mediterrâneo.
O Irã, por seu lado, apresentou fotografias do lançamento de seus mísseis balísticos com supostas ogivas atômicas e declarou que se for necessário, destruiria Israel e duas dezenas de bases norte-americanas.
Sabemos que essas bravatas e outras é um jogo de ameaças destinado a empatar o terror.
Pode ser que essas potências saibam muito de guerra, mas não saibam nada de futebol. Qualquer jogador de pelada sabe que jogar para o empate é a mais insegura das estratégias.


Gregorio Baremblitt

quarta-feira, 9 de julho de 2008

O ABRAÇO DA RESIGNAÇÃO

Foi o impacto visual e o comentário da semana o abraço entre o ex-presidente Fernando Henrique e o atual Lula da Silva, perante os restos mortais da Sra. Ruth, falecida esposa do Cardoso.
O fato tem um tom emocional comovedor que se justifica (se é que precisa) por inúmeras razões, todas compreensíveis.
Mas me parece haver uma que não tem sido suficientemente destacada.
Estes dois políticos, cada um à sua maneira (uma intelectual, a outra sindical)têm sustentado uma utopia para o Brasil, esperança de crescimento sustentável, justo, se não revolucionário, pelo menos intensamente transformador. Por outro lado, nesses projetos tinha sempre um componente de amor, desse que tanto o proletariado como a burguesia costumam destinar quase exclusivamente aos membros próximos das suas respectivas famílias. Este amor se tem procurado estender sempre, invariavelmente, ao resto da humanidade, com um sucesso muito pouco marcado.
O abraço e o choro dos presidentes, lá no fundo, pareceria ser um requiem pela definitiva perda de um vínculo no qual fosse possível consubstanciar política com democracia verdadeira, uma espécie de religião laica e amistosa na que os abraços fossem de amor, e não de resignação por uma fraternidade cívica irreversivelmente perdida ou nunca tida.

Gregorio Baremblitt