terça-feira, 30 de dezembro de 2008

ENTRE OS PIORES INIMIGOS DA HUMANIDADE

Por Gregorio Baremblitt

Na sua encíclica Urbis et orbe, desses últimos dias, o Supremo Pontífice da Igreja Católica, deu a entender a definição de um grupo de pragas que afetavam gravemente a humanidade e até podiam acabar com ela.
Mencionou a crise econômica, as guerras, o terrorismo, a imoralidade em geral e, especialmente, a relação homossexual (formalizada ou não).
Parece que para o Supremo Pontífice a adoção de crianças por casais homossexuais, assim como a, muito próxima, implantação de óvulos fecundados no útero de uma mãe homossexual ou no peritônio de um progenitor homossexual são ataques que lesam a humanidade. Isso torna os casais homossexuais inimigos da continuidade da espécie humana. Talvez muito pior que a plêiade de sacerdotes católicos e outros que têm proibido toda relação sexual que não sejam aquelas do tipo de com o sangue e a carne do Salvador... etc.
Deus me livre de ousar interpretar o horror homofóbico que parece implicar essa condenação do sumo hierarca. Minha ignorância é tal, que nem se quer sei dizer se essa verdade está ou não incluída na infalibilidade que goza o máximo representante da Divindade na terra.
O problema é que temos poucas fontes para esclarecer a questão. Segundo o antigo testamento, a expulsão do paraíso foi um castigo infligido ao casal originário por querer saber o que era óbvio (dado que não tinha nenhuma alternativa além de homem-mulher), assim como a primeira relação, por exemplo, entre homens, foi apenas um assassinato.
Apenas me permitirei uma recomendação aos casais homossexuais: ou renunciam à sua peculiar escolha sexual ou renunciam à religião católica ou a reformam de maneira tal que os considere membros da humanidade e não seus inimigos.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

QUE CRISE É ESTA?

Por Gregorio Baremblitt

Todos nós sabemos que a crise atual consiste em uma retração geral dos investimentos financeiros, uma paralisação dos empréstimos e dos pagamentos, uma diminuição da produção e do consumo, um aumento da desocupação, da miséria, da pobreza, da fome, do analfabetismo, das doenças, da violência de todo tipo, às vezes uma inflação, às vezes uma deflação, uma pronunciada inadimplência e falência das corporações, um endividamento dos estados, das empresas, das famílias, das pessoas, uma queda da tributação, uma diminuição dos investimentos públicos, uma desvalorização das moedas, uma queda das reservas nacionais em divisas, uma desvalorização grave das ações de bolsa, dos bônus e de das letras de câmbio, um esfriamento do comércio internacional, uma fuga de capitais que não se sabe onde foram a parar.
Um desastre dessa magnitude não se gesta em poucos meses. É sabido que faz anos em que os empréstimos sem garantias, os desvios de fundos, os salários astronômicos dos executivos, as falências ocultas das corporações etc vêem ocorrendo. As mesmas agências oficiais e privadas controladoras e avaliadoras de negócios têm se revelado cúmplices das fraudes.
Perante um panorama assim resulta, COMPLETAMENTE RIDÍCULO, perguntar se essa é uma crise conjuntural ou sistêmica. Para chegar a este estado de coisas a estrutura, mesmo do modo-regime-sistema, tem que estar ademais corrupta e incompetente, errada, ou seja, disfuncional e antiprodutiva.
Tão RIDÍCULO como as exortações das autoridades a investir, a emprestar, a tomar empréstimos, a produzir, a consumir, a perdoar as dívidas, a pagá-las, etc.
Se como se diz a crise foi desencadeada pela ambição e agravada pelo medo, essas soluções voluntaristas estão inspiradas pela imbecilidade.
CRISES SISTÊMICAS EXIGEM SOLUÇÕES SISTÊMICAS... E AS MESMAS NUNCA SÃO REFORMISTAS.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A BUROCRACIA HIPER MODERNA

Por Gregorio Baremblitt.

A burocracia do Império Chinês antigo, chamada celeste, só dispunha de papiro, tinta e pincel para registrar as contas tributárias, orçamentos de grandes obras, gastos da corte etc. Aparentemente se equivocava pouco. A burocracia estatal, hiper moderna, dos EUA com suas maravilhosas máquinas virtuais deixou passar uma longa série de irregularidades das megas empresas agiotas imobiliárias, até chegar a gerar uma crise financeira econômica mundial. Parece que os EUA estavam em recessão desde o 2007 e ninguém se deu conta até agora.
O mesmo aconteceu no Brasil, onde tudo faz pensar que várias agências sabiam desde muito tempo atrás da proximidade e profundidade da crise e insistiam em que seria apenas algo a mais que uma “marolina” na terra do berço esplendido.
Nunca se saberá se a imprevisão burocrática foi incompetência, acomodo ou corrupção. O que é seguro é que acontece continuamente, em menor escala, desde que as burocracias existem.
Como já é sabido a proliferação da burocracia ocorre em relação inversa a falta de confiança. Por isso os primitivos não precisavam de burocratas, nem de escritura, nem de laptops. Sua vida era muito mais breve e mais alegre.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

QUEM NÃO GOSTA DE CÃES, BOM SUJEITO...

Por Gregorio Baremblitt


Estava eu, sentimentalmente, há uns dias atrás, pensando em escrever algumas linhas sobre aquilo que Obama disse acerca de seu cachorro vira-lata, quando me encontrei com uma opinião politicamente correta sobre o assunto.
Na Folha de São Paulo do dia 14 de Novembro, num artigo denominado “Obama e Fala”, o ex-presidente José Sarney, uma estranhíssima mistura pernambucana de Dom Corleone com Papai Noel, diz-se “não animado” pelas declarações do futuro presidente do EUA com respeito ao cachorrinho que ia arranjar para suas filhas (segundo pede uma velha tradição norte-americana). Obama fez uma piada a respeito, dizendo que o cachorro iria ser um vira-lata, como ele mesmo achava ser.
O prócer da pátria e da literatura Dr. José Sarney ficou algo decepcionado, achou pouco “sério” da parte de Obama, de quem tanto se espera (quem espera, que se espera?), que inclua no seu discurso inicial pós-vitória nas eleições, essa piada. O ex vice-presidente, que chegou a presidente, como se sabe, em circunstâncias algo entranhas, acha essa piada demagógica e própria dos demagogos sul-americanos (!!!!!). Não se pode negar que algo de verdade histórica tem nessa leitura política; basta lembrar “los perritos bandidos” do insuperável general Juan Domingo Perón.
Sarney, cuja duvidosa trajetória política só foi possível num país cujos melhores homens acham “surrealista” –e, muito bem humorado, se dá ao luxo de rascunhar uma crítica política baseada na relevância de que uma piada seja algo assim como “de entrada”, e não “no meio”, ou “na saída”.
Acredito “cientificamente” possível afirmar que nosso atual primeiro mandatário foi, indiscutivelmente, um vira-lata. Não estou definitivamente seguro de que seja um demagogo, e já vi populismos infinitamente mais conspícuos que o dele. É de absoluto conhecimento dos que integram seus 80% de popularidade, que Lula faz piadas o tempo todo, talvez algumas de muito mal gosto, ademais de errar dados, gramática etc.
Que terá querido dizer Dom José Corleone?

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

QUEM PODE MATAR OBAMA?

Por Gregorio Baremblitt

Ultimamente aqui no Brasil tem uma polêmica tão sugestiva quanto estéril acerca de quais são crimes não anistiáveis: o terrorismo subversivo ou a tortura repressiva. Discussão obviamente absurda, porque a tortura é sempre parte do terrorismo de Estado, sendo que, sem exceção, os movimentos subversivos verdadeiramente revolucionários não torturam nem se propõem tomar o poder pelo terror. Apenas tentam restaurar pela força as condições nas que uma população possa decidir seus próprios destinos. Estas distinções elementares abrem sim a possibilidade de que, em determinadas circunstâncias, o Estado, ainda que falsamente democrático, deva reprimir energicamente certo tipo de movimentos, por exemplo, fascistas. Do mesmo modo, cabe aceitar momentos de alianças táticas entre movimentos revolucionários e Estados progressistas.
Dentro dessa linha de reflexões, é interessante ensaiar diferenciar a assimetria assim descrita, do maniqueísmo entre o terrorismo dos diversos “eixos do mal” e o terrorismo, não só de Estado, senão também do povo norte-americano. Seria tão estúpido negar que as forças armadas dos USA torturam prisioneiros de guerra e impõem o terror a populações civis de países inteiros, como afirmar que certos movimentos terroristas e torturadores (pró-ditaduras teocráticas e nepotistas) são libertadores de suas populações.
Mas, voltando a algo muito discutível que dizemos: segmentos do povo “americano” são torturadores e terroristas? Claro que sim, claro que sim... Talvez não mais, mas seguramente não terminantemente menos, que outros povos que os “americanos” qualificam de incivilizados. Pedimos por favor que se nos poupe o trabalho de lembrar as chacinas de seitas, de sindicalistas, de negros, de emigrantes ilegais, de alunos de escolas secundárias, de ídolos populares e até de presidentes, que enfeitam a história de todos os tempos estadunidenses, incluídos os contemporâneos.
Nesse marco é que gostaríamos de fazer-nos eco de um temor que foi demasiado lateralmente mencionado nesses dias de esperança da “grande democracia indireta do Norte”. Efetivamente, parece que o presidente eleito representa preferencialmente forças, setores e movimentos menos imperialistas, menos bélicos, menos especuladores, menos racistas, menos chauvinistas, menos nacionalistas, menos fanáticos religiosos, menos tradicionalistas e conservadores do povo americano.
Sejamos então diretos: essas capas, grupos e classes são muito poderosas e algumas experiências mais ilustrativas que estatísticas demonstram que, quando “não gostam” - por exemplo- de um líder, um dos recursos que empregam para desimpedir-se é o de assassiná-lo.
Sem dúvida, os inimigos externos dos USA têm provado nessas coisas uma competência esquisita, embora digna da maior consideração. Mas aqui nos referimos aos inimigos internos, que são todos os desfavorecidos que antes enumeramos sucintamente, sendo que ainda não falamos de tantos outros cujas razões a razão não entende... Porque o sonho da razão democraticóide também engendra monstros.
Quem desses inimigos internos pode matar Obama? Qualquer um, é claro, mas preferencialmente crentes, militantes ou mercenários, voluntária ou forçadamente, consciente ou inconscientemente, presencial ou remotamente, ostensiva ou dissimuladamente, demonstrável ou indemonstravelmente.
É só isso o que tínhamos a dizer nessas linhas? Sim.
LONGA VIDA A OBAMA!
Desejamos profundamente que o pouco mais que a metade do povo americano que votou nele consiga protegê-lo das piores partes da outra metade que teve a ousadia de votar contra!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

OS ELEITORES E OS ELEITOS

Por Gregorio Baremblitt

Quando vemos a “qualidade humana” dos candidatos a cargos políticos nas próximas eleições, e quando constatamos que a miúdo os piores deles são escolhidos, se reativa em nós um velho dilema que nunca saberemos resolver: Os “representantes” do eleitorado a rigor não representam coisa alguma e são apenas uma peça dos poderosos lobbies que pagaram para elegê-los? Ou a maiorias dos que os votaram são desinformados ou débeis mentais políticos?
Dizer que as duas coisas são provavelmente certas, longe de ser um consolo, é uma sentença de morte que cai sobre a democracia representativa indireta.
Supor que os povos e os candidatos vão amadurecendo com a experiência eleitoral é uma ilusão ou uma mentira deslavada. Quase um século depois de o povo mais culto da Europa eleger Hitler, o povo inventor da democracia escolheu a Bush, um criminal de guerra, um péssimo administrador e um mitômano.
Existem dezenas de opções melhores que a democracia tradicional.
Si se tem medo de lembrar as milhares de experiências libertárias que foram bem sucedidas e depois esmagadas na história, basta recordar que na Suíça, embora os valores da sua política econômica não são dos melhores, vive-se num co-governo que é uma mistura de cantões auto-gestionários, coexistentes com um Estado de três poderes cujas decisões são continuamente consultadas com as bases.
Os cínicos costuma dizer que a democracia “eleitoreira” é o “menos ruim” dos regimes. É bem possível que esse seja o pior dos slogans políticos.

OS RERESENTANTES

Por Gregorio Baremblitt

Quando a gente conhece os antecedentes e vê os recursos estratégicos, táticos que os candidatos eleitorais empregam na cívica concorrência, nos encontramos presos num terrível dilema: Ou os "representantes" não representam coisa alguma, ou os representados os merecem.
Qualquer das duas possibilidades é sinistra.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O APRENDIZ DE BRUXO

Por Gregorio Baremblitt

 

A crise tem jorrado uma quantidade imensa de opiniões acerca da relação do Estado com o Mercado. Não irei cair na tentação de tratando de sair desse dilema, fazer alguma crítica radical acerca da necessidade da existência dessas duas macro-entidades. Se os povos ainda acreditam nos Deuses, porque não teriam que acreditar no Estado e no Mercado?

Aqui só me proponho fazer uma minúscula observação simples e lateral. O Mercado é uma maquinaria com a qual o Capital  realiza seu objetivo supremo que é o crescimento do lucro: porque ele teria que querer um Estado regulador eficiente e caro metido nos seus negócios? Se o Estado é conhecido como péssimo administrador, ou seja, que não sabe de negócios (seu único negócio,  a não ser algumas estatais, são os tributos  e os salários dos seus funcionários e políticos): - Por quê se pode esperar dele que seja capaz de controlar e intervir oportuna e sadiamente sobre os negócios do Capital no Mercado?

- O Mercado se empenhará em ser prudente em suas apostas e também em informar devidamente ao Estado de seus excessos de risco?

- O Estado entende o suficiente de negócios como para saber (e querer) fiscalizar exaustivamente o Mercado e saber quando o Capital está correndo riscos excessivos?

Diz-se que uma crise sempre começa por ser uma crise de confiança.

Diz-se que nas guerras a primeira vítima é a verdade.

Nas crises econômico-financeiras o que se desmorona é a ingenuidade.     

domingo, 14 de setembro de 2008

O QUINTAL DAS “BARATAS”

Por Gregorio Baremblitt

Acompanhando avidamente a vida e as notícias sobre a vida durante muitas décadas, estou um pouco farto de ouvir dizer que a América Latina é “ignorada” pelos EUA. Como exemplo ilustrativo se acostuma citar os erros cometidos por diversos presidentes norte-americanos, que confundiram a capital de um país de Centro ou Sul América com a de um outro.
Essa afirmação é completamente improcedente. Desde a sua fundação geopolítica (na qual lhe arrebataram pela força grandes extensões territoriais do México) passando por todo o século XX, durante o qual mantiveram relações econômico-financeiras (direta ou indiretamente) leoninas com os países ibero-americanos, os EUA se “interessaram”, sim, pelo seu “quintal”.
Política e belicamente apoiaram todas as ditaduras, as falsas democracias de direita da região e invadiram militarmente nações soberanas como Panamá, Granada etc. Isso aconteceu, especialmente, durante a guerra fria (e o exemplo máximo é o bloqueio econômico a Cuba e o apoio incondicional à tentativa de invasão da Baía de Cochinos), mas também antes e depois dela.
O esboço de uma “liga bolivariana” (muito incipiente ainda), formada por um espectro de alianças muito parciais, laxas e às vezes contraditórias, não deixa de ter certo peso político-econômico e um interessante valor emblemático.
Em primeiro plano Cuba, Venezuela, Bolívia, Panamá e Nicarágua, em segundo Argentina, Uruguai e Brasil, assim como provavelmente Paraguai e gradualmente alguns países africanos, tanto como alguns do Oriente Médio. Estão insinuando a concreção de um bloco, de frágil presente e de duvidoso futuro, mas que no marco de certos indícios (digamos) “esfriamento” da América do Norte, a Comunidade Européia e Japão, assim como do aquecimento da China, Índia, e o Sudeste Asiático, não deixam de ter um “formato” interessante. Ao que parece, como mínimo, haveria que atribuir sua população a outra espécie que não seja apenas a das “cucarachas”.
Só como uma curiosidade (especialmente para brasileiros, que a miúdo parecem ter seu continente aparte), é bom lembrar que os dois grandes Libertadores da América, Bolívar e San Martín, não discordavam com respeito a uma possível formação dos Estados Unidos da América Latina. Diz a historia apócrifa (se é que existe uma outra), que o grande venezuelano queria presidir a União e o prócer argentino não gostava dessa idéia.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

LA GUERRA, MI INEFABLE COMPAÑERA

Por Gregorio Baremblitt

Cuando yo tenía cinco años de edad dibujé en una gran pared que había en mi casa un conjunto de redondeles y trazé entre ellos líneas entrecortadas que, al mismo tiempo que conectaban los círculos, los separaban. Cada circunferencia llevaba escrito en su centro el nombre de un país, y todo el “mapa” tenía como subtítulo una frase que preguntaba: “Porque no son unidos”?.
Estabamos en plena segunda guerra mundial (1939), mi padre y mi madre, judíos fugitivos los progrooms zaristas, y después de los bolcheviques, fueron a parar al interior de Argentina.
Por esa época, mi padre, que era técnico electromecánico formado en Odessa, me enseño a fabricar una pequeña radio que funcionaba a base de un antecesor de los transistores, una piedrita que se llamaba galena. A esa piedra se le agregaba una bobina de alambre de cobre, una pila eléctrica y un par de audífonos, se conectaba el conjunto con una antena alta colocada en techo de la casa y se podía escuchar una sorprendente gama de noticiarios durante las 24 horas del día. El artefacto consumía casi cero de energía.
Tomado por una verdadera pasión, entre aterrorizada y lunática, yo me pasaba horas escuchando las noticias acerca de las viscisitudes del conflicto y no pocas veces me sorprendía llorando al saber de los muertos, de los heridos, de los mutilados y de la destrucción despiadada de bienes ciudades y reliquias históricos. En un cine que quedaba cerca de donde vivímos, imágenes de las víctimas y de la ruinas, sonidos de las explosiones y de los gritos de dolor y de rabia pasaban ante mis encandilados ojos y estremecidos oídos durante los noticiarios y fimes bélicos de las sesiones del domingo por la tardes.
Mis padres jamás me contaron una palabra acerca de lo que habían pasado y cuando fui mayor me explicaron que no querían que comenzase mi existencia con miedos, odios y resentimientos.
No obstante, mis progenitores no podían ocultar de mi que mi abuelo y mi único tío maternos fueron asesinados por los nazis, y que lo mismo habría ocurrido con ellos mismos si no consiguiesen escapar.
Yo era un hijo casi único, porque mi hermana, bastante mayor que yo, ya era universitaria y vivía en otra ciudad. Mi soledad estaba poblada de cañones, tanques, aeronaves y portaviones...
Cuando recorro retrospectivamente mi vida, cuyo relato a nadie interesa, me doy cuenta que nunca, absolutamente nunca, pasé ningún período de mi existencia sin estar conectado con una guerra, o dentro de alguna de ellas. Queridos amigos y amigas míos fueron presos, torturados, exilados y muertos en guerras civiles; mentores intelectuales que contribuyeron a la distancia para mi formación tuvieron el mismo destino en guerras de libertación nacionales o internacionales.
Mi biblioteca incluye una buena cantidad de libros y películas de guerra, y, en éstos tiempos informatizados globales, rara vez pierdo una noticia bélica, sea cual sea el medio que la transporte.
Sufro, me desespero, me enfurezco y me indigno frente a todo cuanto se refiere a la guerra, igual o más que cuando tenía cinco años de edad.
Lo extraordinariamente paradojal es que una de las facetas del panorama bélico que más me repugna y enfurece, es cuando me entero de que alguien dice o escribe que la guerra “es parte de la naturaleza humana”. Me dan ganas de matar al quien afirma esa imbecilidad...o de retirarme para siempre de la citada “naturaleza”, mi inefable compañera.

domingo, 7 de setembro de 2008

A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR E AO POVO O QUE É DO POVO

Por Gregorio Baremblitt

Conta uma velha historia que um sábio perguntou a seu discípulo que preferia e escolheria: o pior do melhor ou o melhor do pior. O discípulo passou anos pensando e a morte o surpreendeu sem resposta alguma.
Quando no Brasil se discute, por exemplo, se a nova extração de petróleo chamada de pré-sal, deve ser da Petrobrás o de uma nova estatal, cria-se para o cidadão brasileiro um dilema similar.
Não farei questão de atribuir a condição do pior de melhor o do melhor do pior a nenhuma das organizações em jogo, mas de todas formas , o dilema subsiste.
O Estado é consideravelmente corrupto, patrimonialista, fisiológico, demagógico e incompetente.
As corporações privadas são impiedosamente dedicadas ao lucro e ao envio de ganâncias ao exterior do país ou à estéril aplicação financeira.
To be or not to be, pelo menos nesse caso, é um falso dilema.
Pague-se a busca e a extração do combustível com dinheiro do Estado, com as reservas de divisas ou com um fundo soberano, e divida-se a o patrimônio e os investimentos restantes necessários entre milhões de pequenos investidores identificados (não anônimos) com um número limitado de ações per capita. Faça-se uma campanha eleitoral pública para a eleição por referendum de autoridades técnicas e administrativas para a nova empresa entre candidatos concursados para tais.
Pronto: não tem dilema: e só apossar ao povo de aquilo que sua terra tem e que lhe pertence.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Defendamos o que não conhecemos

Por Gregorio Baremblitt

O Brasil, Nação soberana, ciosa das suas fronteiras, vai comprar um submarino atômico para vigiá-las.
Por outro lado, acaba de descobrir que quase duas dezenas de enormes áreas de Amazônia, (riquíssimas em minerais, entre eles o ouro) tem sido compradas por capitais europeus. Essas terras eram territórios indígenas não muito tempo atrás legalizados. Como eles abrangem perímetros que superam as fronteiras do país, (por exemplo, entram na Venezuela), existe o fundado temor de que reivindiquem sua independência e autonomia.
Independentemente de que essa seja uma reivindicação justa ou não, segundo esse tipo de vigilância dos domínios nacionais, é possível que, daqui a pouco, se descobrira que o Palácio do Planalto não é propriedade brasileira e tem que ser alugado.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

QUEM DEVE PAGAR A DEMOCRACIA?

Por Gregorio Baremblitt



Ultimamente, temos visto que agências avaliadoras internacionais importantes têm dado ao Brasil o status de país politicamente legalista e democrático, assim como confiável para os investimentos estrangeiros.

Não obstante,...

É por demais evidente que para que o Brasil seja uma potência lhe faltam fontes de energia não poluente e renovável; carece de uma imensa rede urbana e interurbana de transportes coletivos movidos, por exemplo, a eletricidade ou a energia solar; lhe falta um sistema de irrigação artificial (para enormes extensões de terra férteis, mas sem-áridas) com a fabulosa massa de água doce de que dispõe; também lhe faltam instalações para processar e industrializar tanto os combustíveis e os minérios que extrai da terra, como as substâncias químicas, a madeira, os alimentos e tantas outras matérias-primas das que está dotado.

É óbvio que o Brasil precisa acabar com a miséria, a pobreza, o analfabetismo e o despreparo educacional em seus três níveis, dispor de uma rede de saúde pública capaz de atender integralmente a toda sua população, de verbas e instalações para cuidar com alta qualidade à chamada classe passiva (aposentados, terceira idade, desempregados, incapacitados etc). É claro que o Brasil precisa de um enorme, competente e ético sistema de segurança militar e policial, dotado dos agentes éticos e competentes, de instalações e do instrumental moderno necessário e um aparelho penal moderno suficiente e digno,...tudo isso articulado com um poder judiciário justo e moderno, ou seja, bem equipado, não aristocrático, nem leviano, nem arbitrário.

Alguém duvida de que o Brasil precisa de uma cultura e de um controle político-popular severos de seus sindicatos e de seu poder legislativo e executivo, para combater seu fisiologismo, seu patrimonialismo, seu cartorialismo, seu compadreirismo, sua corrupção, sua incompetência, sua demagogia, seu sobre-dimensionamento, seu autoritarismo, sua onerosidade, seu auto-centramento, e tantos outros vícios que o afetam?

Ninguém duvida de nada de tudo isso, mas tudo isso custa muito dinheiro: - quem deve pagar por tudo isso?

- Todas as classes e setores por igual,...ou o grande capital latifundiário, agropecuário, industrial e, especialmente, o financeiro? -Os sem-propriedade alguma, os pequenos proprietários, ou as chamadas “grandes fortunas”?

Se o Brasil é considerado a décima economia do mundo e a número quarenta e três em distribuição da renda: - quem deve pagar em e por sua democracia?

Ou talvez Deus, porque é brasileiro?

sexta-feira, 25 de julho de 2008

BRINCANDO DE EMPATAR O TERROR

Nesses dias passados, os Estados Unidos reabilitou a quarta frota para patrulhar a América Latina. Também tiveram estranhas e amáveis reuniões com sua principal ameaça: a Coréia do Norte.
No ínterim, Israel fez um ensaio geral de bombardeio aéreo no Mediterrâneo.
O Irã, por seu lado, apresentou fotografias do lançamento de seus mísseis balísticos com supostas ogivas atômicas e declarou que se for necessário, destruiria Israel e duas dezenas de bases norte-americanas.
Sabemos que essas bravatas e outras é um jogo de ameaças destinado a empatar o terror.
Pode ser que essas potências saibam muito de guerra, mas não saibam nada de futebol. Qualquer jogador de pelada sabe que jogar para o empate é a mais insegura das estratégias.


Gregorio Baremblitt

quarta-feira, 9 de julho de 2008

O ABRAÇO DA RESIGNAÇÃO

Foi o impacto visual e o comentário da semana o abraço entre o ex-presidente Fernando Henrique e o atual Lula da Silva, perante os restos mortais da Sra. Ruth, falecida esposa do Cardoso.
O fato tem um tom emocional comovedor que se justifica (se é que precisa) por inúmeras razões, todas compreensíveis.
Mas me parece haver uma que não tem sido suficientemente destacada.
Estes dois políticos, cada um à sua maneira (uma intelectual, a outra sindical)têm sustentado uma utopia para o Brasil, esperança de crescimento sustentável, justo, se não revolucionário, pelo menos intensamente transformador. Por outro lado, nesses projetos tinha sempre um componente de amor, desse que tanto o proletariado como a burguesia costumam destinar quase exclusivamente aos membros próximos das suas respectivas famílias. Este amor se tem procurado estender sempre, invariavelmente, ao resto da humanidade, com um sucesso muito pouco marcado.
O abraço e o choro dos presidentes, lá no fundo, pareceria ser um requiem pela definitiva perda de um vínculo no qual fosse possível consubstanciar política com democracia verdadeira, uma espécie de religião laica e amistosa na que os abraços fossem de amor, e não de resignação por uma fraternidade cívica irreversivelmente perdida ou nunca tida.

Gregorio Baremblitt

quinta-feira, 26 de junho de 2008

O atual estouro de investigações, inquéritos, processos etc. de políticos profissionais pela Polícia Federal, é simplesmente espantoso. Não é preciso dizer, como acontece às vezes com as estatísticas sobre doenças, se a incidência do transtôrno em questão aumentou, ou se os meios de diagnóstico se aprimorararm. Tudo faz acreditar que a Polícia teve um súbito incremento da "autorização" e dos recursos para exercer uma de suas funções específicas... e a classe política chegou a um grau de delinqüência insólito e/ou escancarado na história do país. Tristes alternativas tropicais. Mas, o mais grave não é isso. O escandaloso é que os políticos parecem cada vez mais dedicados e eficientes nessas atividades criminosas, nas que agentes da ordem e marginais participam, e os policiais parecem cada vez mais impotentes para prevenir, descobrir, investigar e prender os criminosos comuns. Trata-se de um problema de geometria euclidiana: ou as organizações criminosas são um "Estado paralelo", ou o Governo é uma "Organização criminosa estatal" e a Polícia é uma "transversal de duas vias"... ou a Sociedade, em diversas e numerosas redes inerentes a seu conjunto, configura um caleidoscópio "mafioso-politiqueiro-policialesco... e ... civil". Que Pitágoras nos proteja, se é que ele também não está como alguns deuses e igrejas, envolvido na trama!