terça-feira, 23 de dezembro de 2008

QUE CRISE É ESTA?

Por Gregorio Baremblitt

Todos nós sabemos que a crise atual consiste em uma retração geral dos investimentos financeiros, uma paralisação dos empréstimos e dos pagamentos, uma diminuição da produção e do consumo, um aumento da desocupação, da miséria, da pobreza, da fome, do analfabetismo, das doenças, da violência de todo tipo, às vezes uma inflação, às vezes uma deflação, uma pronunciada inadimplência e falência das corporações, um endividamento dos estados, das empresas, das famílias, das pessoas, uma queda da tributação, uma diminuição dos investimentos públicos, uma desvalorização das moedas, uma queda das reservas nacionais em divisas, uma desvalorização grave das ações de bolsa, dos bônus e de das letras de câmbio, um esfriamento do comércio internacional, uma fuga de capitais que não se sabe onde foram a parar.
Um desastre dessa magnitude não se gesta em poucos meses. É sabido que faz anos em que os empréstimos sem garantias, os desvios de fundos, os salários astronômicos dos executivos, as falências ocultas das corporações etc vêem ocorrendo. As mesmas agências oficiais e privadas controladoras e avaliadoras de negócios têm se revelado cúmplices das fraudes.
Perante um panorama assim resulta, COMPLETAMENTE RIDÍCULO, perguntar se essa é uma crise conjuntural ou sistêmica. Para chegar a este estado de coisas a estrutura, mesmo do modo-regime-sistema, tem que estar ademais corrupta e incompetente, errada, ou seja, disfuncional e antiprodutiva.
Tão RIDÍCULO como as exortações das autoridades a investir, a emprestar, a tomar empréstimos, a produzir, a consumir, a perdoar as dívidas, a pagá-las, etc.
Se como se diz a crise foi desencadeada pela ambição e agravada pelo medo, essas soluções voluntaristas estão inspiradas pela imbecilidade.
CRISES SISTÊMICAS EXIGEM SOLUÇÕES SISTÊMICAS... E AS MESMAS NUNCA SÃO REFORMISTAS.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá, Prof. Baremblitt.

Obrigado pelo ótimo texto. Também venho tentando refletir sobre a crise e a quem ela serve, quando percebemos que, em todo lugar, a única solução que se pensa é baseada no trinômio 'consumir mais/ produzir mais/ menos direitos para os trabalhadores'.

A tempo: que bom saber que você tem um blog. Os textos estão ótimos!

Abraços,

Augusto Galery

Tania Montandon disse...

Simpatica sua opinião! Penso que a crise é de fato o auge da imbecilidade. Gostei muito deste artigo também de um especialista e professor na área de economia que sintentizou de forma clara:
http://www.versus.ufrj.br/imagens/versusAcad/emPDF/va_alcino.pdf
beijo