domingo, 12 de julho de 2009

O LADO “BOM” DA CRISE

Por Gregorio Baremblitt

Estamos um pouco cansados das frases estereotipadas que se pronunciam em torno da crise econômica que azota ao mundo como, por exemplo: “se notam indícios de recuperação”, “as medidas tomadas têm sido fracas, se precisa de muito mais para superar a catástrofe”, “os países menos desenvolvidos sofrerão mais as consequências do acontecido porque não terão investimentos nos seus mercados”, “os países menos atrelados às economias centrais sofrerão menos com o desastre porque se sustentam com os seus mercados internos”, “em 2010 a crise estará superada”, “nos espera uma década perdida”, “foi a falta de controles sobre as operações do capital financeiro o que desencadeou o cataclismo”, “as economias de mercado quanto menos controladas mais prósperas”, “o Estado deve auxiliar as empresas em falência para conservar os empregos e não quebrar a confiança dos investidores”, “para o neo-liberalismo quanto menos Estado melhor”, “as privatizações foram o âmago da ruína das nações em desenvolvimento”, “toda crise apresenta muitas oportunidades”, “as oportunidades das crises são para quem tem dinheiro fora ou escondido, sendo que assim se formam os monopólios”, “ainda temos os Estados Unidos na ponta da montanha por muitos anos”, “o mundo atual não pode ser administrado pelo G8, nem pelo G20, nem pelo BM, nem pelo FMI, nem pela ONU, nem pela OMC, nem pela OIT”, nem pela OTAM”, “fortalecendo esses organismos a ordem mundial estará assegurada”, “tem que estimular o consumo”, “tem que estimular a poupança”, “tem que trabalhar mais”, “tem que trabalhar menos”...enfim ... “nem sim, nem não, senão todo o contrário”.
Alguém dirá que “cada uma dessas afirmações é válida em contextos diferentes”, balelas, em cada um dos contextos se postulam todas essas providências e muitas mais e não se resolve nada.
Qual é então o “lado bom da crise”? Tendo em conta que nem a crise, nem a estabilidade têm apenas dois lados, cabe intuir o seguinte: o lado bom das crises consiste em convencer-se de que estamos nas mãos da “douta ignorância” (como escreveu o filósofo Nicolas da Cusa) ao qual se pode acrescentar a “douta má fé”, “a douta hipocrisia”, “a douta prepotência”, “a douta irresponsabilidade” etc.
Quanto mais tomemos nas nossas próprias coletivas mãos todos os assuntos relevantes para a Vida, tanto mais teremos possibilidades de defendê-la. Isso sem esquecer que NÓS também temos “muitos lados”.
Diz-se que na atualidade os termos “direita”, “esquerda”, “centro” têm perdido toda significação econômica, política, social, teórica e prática.
É bem possível, mas a Natureza parece ser a única força atualmente capaz de impor princípios e linhas de conduta verdadeiramente “progressistas”. Se a Natureza “chuta o tabuleiro” a farsa dos “doutos” e dos “poderosos” cai junto com o cenário.Isso seja dito, sem esquecer, que preservar também é negócio.

2 comentários:

Tania disse...

A crise veio para providenciar um momento de reflexão

"A crise é uma chance para um salto quântico, pelo qual podemos fazer uma passagem de paradigma”

“Já imaginaram as sinapses dos cérebros de todos os seres humanos juntas? Essa união poderia realizar grandes mudanças”

“Crise vem de ‘crio’, do sânscrito, que significa limpar purificar. A crise pode tomar esse rumo de depuração”, acredita o filósofo. “Os próximos passos podem ser caminharmos com uma perna no sistema vigente, que tem seus dias contados, mas faz parte da transição, e com a outra perna num novo projeto planetário humano.”

“A Terra pode muito bem viver sem nossa presença. Em 30, 40 anos estará recuperada dos danos que causamos. O que está sob ameaça é a vida humana. Temos de mudar. Ou mudamos ou morremos”


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Humein!

Tania Montandon disse...
Este comentário foi removido pelo autor.