segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

QUEM PÕE O SINO NO GATO?

Por Gregorio Baremblitt

A tragédia que castiga palestinos e israelenses é um tema que nenhuma análise é capaz de esclarecer e, muito menos, julgar conclusivamente, no momento atual. O único tema que parece irrefutável é que não se trata de um conflito que resistiria à participação ativa de uma decisão compartilhada das Nações Unidas, junto com os grandes blocos militares hoje existentes.
A proposta mais sensata, e acreditamos que majoritária, consiste na imediata suspensão das hostilidades; a delimitação de uma área desmilitarizada; sua ocupação pelas forças do Conselho de Segurança; o reconhecimento mútuo dos dois Estados; o compromisso formal e irreversível de devolução das zonas palestinas ocupadas por Israel em troca da garantia radical de repressão dos grupos terroristas e/ou dos fundamentalistas dos dois lados e, finalmente, a negociação dos desbloqueios econômicos e da ocupação de Jerusalém.
Mas só para mencionar parte do problema, depois da arbitrária invasão de Iraque pelos EUA, e da agressão georgiana e o revide russo no Cáucaso - assim como, por exemplo, o desrespeito da Colômbia pelo Equador -, os grandes organismos multinacionais de segurança estão não apenas despotencializados, mas também depauperados, devido à crise econômica mundial.
A conclusão “induzida” da guerra no Oriente Médio é tão possível quanto cara; e ninguém está disposto a financiar a paz.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

ENTRE OS PIORES INIMIGOS DA HUMANIDADE

Por Gregorio Baremblitt

Na sua encíclica Urbis et orbe, desses últimos dias, o Supremo Pontífice da Igreja Católica, deu a entender a definição de um grupo de pragas que afetavam gravemente a humanidade e até podiam acabar com ela.
Mencionou a crise econômica, as guerras, o terrorismo, a imoralidade em geral e, especialmente, a relação homossexual (formalizada ou não).
Parece que para o Supremo Pontífice a adoção de crianças por casais homossexuais, assim como a, muito próxima, implantação de óvulos fecundados no útero de uma mãe homossexual ou no peritônio de um progenitor homossexual são ataques que lesam a humanidade. Isso torna os casais homossexuais inimigos da continuidade da espécie humana. Talvez muito pior que a plêiade de sacerdotes católicos e outros que têm proibido toda relação sexual que não sejam aquelas do tipo de com o sangue e a carne do Salvador... etc.
Deus me livre de ousar interpretar o horror homofóbico que parece implicar essa condenação do sumo hierarca. Minha ignorância é tal, que nem se quer sei dizer se essa verdade está ou não incluída na infalibilidade que goza o máximo representante da Divindade na terra.
O problema é que temos poucas fontes para esclarecer a questão. Segundo o antigo testamento, a expulsão do paraíso foi um castigo infligido ao casal originário por querer saber o que era óbvio (dado que não tinha nenhuma alternativa além de homem-mulher), assim como a primeira relação, por exemplo, entre homens, foi apenas um assassinato.
Apenas me permitirei uma recomendação aos casais homossexuais: ou renunciam à sua peculiar escolha sexual ou renunciam à religião católica ou a reformam de maneira tal que os considere membros da humanidade e não seus inimigos.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

QUE CRISE É ESTA?

Por Gregorio Baremblitt

Todos nós sabemos que a crise atual consiste em uma retração geral dos investimentos financeiros, uma paralisação dos empréstimos e dos pagamentos, uma diminuição da produção e do consumo, um aumento da desocupação, da miséria, da pobreza, da fome, do analfabetismo, das doenças, da violência de todo tipo, às vezes uma inflação, às vezes uma deflação, uma pronunciada inadimplência e falência das corporações, um endividamento dos estados, das empresas, das famílias, das pessoas, uma queda da tributação, uma diminuição dos investimentos públicos, uma desvalorização das moedas, uma queda das reservas nacionais em divisas, uma desvalorização grave das ações de bolsa, dos bônus e de das letras de câmbio, um esfriamento do comércio internacional, uma fuga de capitais que não se sabe onde foram a parar.
Um desastre dessa magnitude não se gesta em poucos meses. É sabido que faz anos em que os empréstimos sem garantias, os desvios de fundos, os salários astronômicos dos executivos, as falências ocultas das corporações etc vêem ocorrendo. As mesmas agências oficiais e privadas controladoras e avaliadoras de negócios têm se revelado cúmplices das fraudes.
Perante um panorama assim resulta, COMPLETAMENTE RIDÍCULO, perguntar se essa é uma crise conjuntural ou sistêmica. Para chegar a este estado de coisas a estrutura, mesmo do modo-regime-sistema, tem que estar ademais corrupta e incompetente, errada, ou seja, disfuncional e antiprodutiva.
Tão RIDÍCULO como as exortações das autoridades a investir, a emprestar, a tomar empréstimos, a produzir, a consumir, a perdoar as dívidas, a pagá-las, etc.
Se como se diz a crise foi desencadeada pela ambição e agravada pelo medo, essas soluções voluntaristas estão inspiradas pela imbecilidade.
CRISES SISTÊMICAS EXIGEM SOLUÇÕES SISTÊMICAS... E AS MESMAS NUNCA SÃO REFORMISTAS.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

A BUROCRACIA HIPER MODERNA

Por Gregorio Baremblitt.

A burocracia do Império Chinês antigo, chamada celeste, só dispunha de papiro, tinta e pincel para registrar as contas tributárias, orçamentos de grandes obras, gastos da corte etc. Aparentemente se equivocava pouco. A burocracia estatal, hiper moderna, dos EUA com suas maravilhosas máquinas virtuais deixou passar uma longa série de irregularidades das megas empresas agiotas imobiliárias, até chegar a gerar uma crise financeira econômica mundial. Parece que os EUA estavam em recessão desde o 2007 e ninguém se deu conta até agora.
O mesmo aconteceu no Brasil, onde tudo faz pensar que várias agências sabiam desde muito tempo atrás da proximidade e profundidade da crise e insistiam em que seria apenas algo a mais que uma “marolina” na terra do berço esplendido.
Nunca se saberá se a imprevisão burocrática foi incompetência, acomodo ou corrupção. O que é seguro é que acontece continuamente, em menor escala, desde que as burocracias existem.
Como já é sabido a proliferação da burocracia ocorre em relação inversa a falta de confiança. Por isso os primitivos não precisavam de burocratas, nem de escritura, nem de laptops. Sua vida era muito mais breve e mais alegre.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

QUEM NÃO GOSTA DE CÃES, BOM SUJEITO...

Por Gregorio Baremblitt


Estava eu, sentimentalmente, há uns dias atrás, pensando em escrever algumas linhas sobre aquilo que Obama disse acerca de seu cachorro vira-lata, quando me encontrei com uma opinião politicamente correta sobre o assunto.
Na Folha de São Paulo do dia 14 de Novembro, num artigo denominado “Obama e Fala”, o ex-presidente José Sarney, uma estranhíssima mistura pernambucana de Dom Corleone com Papai Noel, diz-se “não animado” pelas declarações do futuro presidente do EUA com respeito ao cachorrinho que ia arranjar para suas filhas (segundo pede uma velha tradição norte-americana). Obama fez uma piada a respeito, dizendo que o cachorro iria ser um vira-lata, como ele mesmo achava ser.
O prócer da pátria e da literatura Dr. José Sarney ficou algo decepcionado, achou pouco “sério” da parte de Obama, de quem tanto se espera (quem espera, que se espera?), que inclua no seu discurso inicial pós-vitória nas eleições, essa piada. O ex vice-presidente, que chegou a presidente, como se sabe, em circunstâncias algo entranhas, acha essa piada demagógica e própria dos demagogos sul-americanos (!!!!!). Não se pode negar que algo de verdade histórica tem nessa leitura política; basta lembrar “los perritos bandidos” do insuperável general Juan Domingo Perón.
Sarney, cuja duvidosa trajetória política só foi possível num país cujos melhores homens acham “surrealista” –e, muito bem humorado, se dá ao luxo de rascunhar uma crítica política baseada na relevância de que uma piada seja algo assim como “de entrada”, e não “no meio”, ou “na saída”.
Acredito “cientificamente” possível afirmar que nosso atual primeiro mandatário foi, indiscutivelmente, um vira-lata. Não estou definitivamente seguro de que seja um demagogo, e já vi populismos infinitamente mais conspícuos que o dele. É de absoluto conhecimento dos que integram seus 80% de popularidade, que Lula faz piadas o tempo todo, talvez algumas de muito mal gosto, ademais de errar dados, gramática etc.
Que terá querido dizer Dom José Corleone?

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

QUEM PODE MATAR OBAMA?

Por Gregorio Baremblitt

Ultimamente aqui no Brasil tem uma polêmica tão sugestiva quanto estéril acerca de quais são crimes não anistiáveis: o terrorismo subversivo ou a tortura repressiva. Discussão obviamente absurda, porque a tortura é sempre parte do terrorismo de Estado, sendo que, sem exceção, os movimentos subversivos verdadeiramente revolucionários não torturam nem se propõem tomar o poder pelo terror. Apenas tentam restaurar pela força as condições nas que uma população possa decidir seus próprios destinos. Estas distinções elementares abrem sim a possibilidade de que, em determinadas circunstâncias, o Estado, ainda que falsamente democrático, deva reprimir energicamente certo tipo de movimentos, por exemplo, fascistas. Do mesmo modo, cabe aceitar momentos de alianças táticas entre movimentos revolucionários e Estados progressistas.
Dentro dessa linha de reflexões, é interessante ensaiar diferenciar a assimetria assim descrita, do maniqueísmo entre o terrorismo dos diversos “eixos do mal” e o terrorismo, não só de Estado, senão também do povo norte-americano. Seria tão estúpido negar que as forças armadas dos USA torturam prisioneiros de guerra e impõem o terror a populações civis de países inteiros, como afirmar que certos movimentos terroristas e torturadores (pró-ditaduras teocráticas e nepotistas) são libertadores de suas populações.
Mas, voltando a algo muito discutível que dizemos: segmentos do povo “americano” são torturadores e terroristas? Claro que sim, claro que sim... Talvez não mais, mas seguramente não terminantemente menos, que outros povos que os “americanos” qualificam de incivilizados. Pedimos por favor que se nos poupe o trabalho de lembrar as chacinas de seitas, de sindicalistas, de negros, de emigrantes ilegais, de alunos de escolas secundárias, de ídolos populares e até de presidentes, que enfeitam a história de todos os tempos estadunidenses, incluídos os contemporâneos.
Nesse marco é que gostaríamos de fazer-nos eco de um temor que foi demasiado lateralmente mencionado nesses dias de esperança da “grande democracia indireta do Norte”. Efetivamente, parece que o presidente eleito representa preferencialmente forças, setores e movimentos menos imperialistas, menos bélicos, menos especuladores, menos racistas, menos chauvinistas, menos nacionalistas, menos fanáticos religiosos, menos tradicionalistas e conservadores do povo americano.
Sejamos então diretos: essas capas, grupos e classes são muito poderosas e algumas experiências mais ilustrativas que estatísticas demonstram que, quando “não gostam” - por exemplo- de um líder, um dos recursos que empregam para desimpedir-se é o de assassiná-lo.
Sem dúvida, os inimigos externos dos USA têm provado nessas coisas uma competência esquisita, embora digna da maior consideração. Mas aqui nos referimos aos inimigos internos, que são todos os desfavorecidos que antes enumeramos sucintamente, sendo que ainda não falamos de tantos outros cujas razões a razão não entende... Porque o sonho da razão democraticóide também engendra monstros.
Quem desses inimigos internos pode matar Obama? Qualquer um, é claro, mas preferencialmente crentes, militantes ou mercenários, voluntária ou forçadamente, consciente ou inconscientemente, presencial ou remotamente, ostensiva ou dissimuladamente, demonstrável ou indemonstravelmente.
É só isso o que tínhamos a dizer nessas linhas? Sim.
LONGA VIDA A OBAMA!
Desejamos profundamente que o pouco mais que a metade do povo americano que votou nele consiga protegê-lo das piores partes da outra metade que teve a ousadia de votar contra!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

OS ELEITORES E OS ELEITOS

Por Gregorio Baremblitt

Quando vemos a “qualidade humana” dos candidatos a cargos políticos nas próximas eleições, e quando constatamos que a miúdo os piores deles são escolhidos, se reativa em nós um velho dilema que nunca saberemos resolver: Os “representantes” do eleitorado a rigor não representam coisa alguma e são apenas uma peça dos poderosos lobbies que pagaram para elegê-los? Ou a maiorias dos que os votaram são desinformados ou débeis mentais políticos?
Dizer que as duas coisas são provavelmente certas, longe de ser um consolo, é uma sentença de morte que cai sobre a democracia representativa indireta.
Supor que os povos e os candidatos vão amadurecendo com a experiência eleitoral é uma ilusão ou uma mentira deslavada. Quase um século depois de o povo mais culto da Europa eleger Hitler, o povo inventor da democracia escolheu a Bush, um criminal de guerra, um péssimo administrador e um mitômano.
Existem dezenas de opções melhores que a democracia tradicional.
Si se tem medo de lembrar as milhares de experiências libertárias que foram bem sucedidas e depois esmagadas na história, basta recordar que na Suíça, embora os valores da sua política econômica não são dos melhores, vive-se num co-governo que é uma mistura de cantões auto-gestionários, coexistentes com um Estado de três poderes cujas decisões são continuamente consultadas com as bases.
Os cínicos costuma dizer que a democracia “eleitoreira” é o “menos ruim” dos regimes. É bem possível que esse seja o pior dos slogans políticos.